Ministério da Saúde confirma primeiro caso de reinfecção de Covid-19 no Brasil
O Ministério da Saúde informou nesta quinta-feira, 10, que confirma a existência do primeiro caso de reinfecção por Covid-19 no Brasil. O caso, de acordo com a assessoria da pasta, é de uma profissional da área da saúde, de 37 anos, que reside em Natal, no Rio Grande do Norte. Ela teve a doença em junho, se curou, e teve resultado positivo novamente em outubro – 116 dias depois do primeiro diagnóstico. “As análises realizadas permitem confirmar a reinfecção pelo vírus SARS-CoV-2, após sequenciamento do genoma completo viral que identificou duas linhagens distintas”, trouxe o comunicado.
A pasta explicou que na quarta-feira a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério recebeu relatório do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo da Fiocruz, no Rio de Janeiro, que é um Laboratório de Referência Nacional para a Covid-19 no Brasil, – contendo os resultados laboratoriais de duas amostras clínicas de um caso suspeito de reinfecção da doença pelo coronavírus. “Conforme critérios estabelecidos na Nota Técnica Nº 52/2020-CGPNI/DEIDT/SVS/MS, esses resultados laboratoriais permitem confirmar o primeiro caso de reinfecção no Brasil.”
As duas amostras foram enviadas ao Laboratório, onde houve a confirmação dos resultados em tempo real. No intervalo entre as duas amostras, foi realizada uma coleta no dia 8 de setembro, que apresentou resultado não detectável pelo Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A amostra não detectável não foi encaminhada ao Laboratório de Referência Nacional, segundo o Ministério. A pasta enfatizou que esse resultado foi fruto de um trabalho integrado entre vigilância epidemiológica e laboratorial das três esferas do governo, universidades, Laboratórios Centrais de Saúde Pública e Laboratório de Referência Nacional.
O Ministério da Saúde aproveitou o comunicado para alertar que o caso reforça a necessidade da adoção do uso contínuo de máscaras, higienização constante das mãos e o uso de álcool em gel. “O Governo Federal está buscando o mais rápido possível a vacina confiável, segura e aprovada pela Anvisa, para que todos os brasileiros que desejarem possam ser imunizados”, trouxe o comunicado ao final.
Casos supeitos no RS
No Rio Grande do Sul todos os casos suspeitos de reinfecção foram negados pela Secretaria Estadual da Saúde, que divulgou nota técnica sobre o tema. “Considera-se hoje suspeito o indivíduo com dois resultados detectáveis por RT-PCR com intervalo igual ou superior a 90 dias entre os dois episódios. A investigação é realizada através do sequenciamento do DNA detectado do vírus nessas duas amostras. Isso é feito para identificar se é uma situação de reinfecção por cepas virais diferentes (variáveis do Sars-CoV-2 com pequenas mudanças entre eles) ou uma reativação do vírus, o que é possível de acontecer dependendo do sistema imunológico da pessoa”, explica.
“Não há até o momento uma quantificação dessas suspeitas no Estado pois, no momento, o processo ainda encontra-se na fase de identificar esses casos e fazer a busca por essas duas amostras. A orientação do Centro de Operações de Emergência (COE/RS) é que amostras detectáveis dos trabalhadores de saúde, mais sujeitos a reinfecção pela constante exposição, sejam armazenadas em freezer -80°C, naqueles laboratórios que possuem esse equipamento, por no mínimo 180 dias. A análise genética é realizada pela Fiocruz no Rio de Janeiro”.
27º caso mundial
De acordo com a agência de notícias holandesa BNO News, que ainda não computa o caso brasilerio, 26 casos confirmados de um segundo contágio em uma mesma pessoas. Eles foram registrados na Coreia do Sul, Bélgica, Espanha, Suécia, Holanda, Qatar, Estados Unidos, Índia. Desses, 25 pacientes se recuperaram bem e um morreu: em outubro, uma holandesa de 89 anos foi registrada a primeira vítima de reinfeção. A média de tempo entre o primeiro e o segundo episódio de Covid-19 é de 76 dias, e a plataforma calcula que existam mais de mil e 600 casos suspeitos, que ainda precisam ser analisados profundamente.
Isso porque as secretarias de saúde precisam verificar se os casos suspeitos realmente se tratam de reinfecções, visto que o coronavírus residual pode permanecer no corpo por várias semanas. Ou seja, uma pessoa que se recuperou de Covid-19 pode ter baixos níveis do vírus em seu corpo por até três meses após o diagnóstico, podendo continuar a ter um resultado detectável (RT-PCR), mesmo que não esteja transmitindo o vírus.