El Niño deve seguir provocando chuva e temperatura acima da média até o outono no RS
A Organização Meteorologica Mundial (OMM) e a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (Noaa) dos Estados Unidos acreditam que o El Niño deve permanecer influenciando o clima ao redor do mundo até abril ou maio, quando há maior probabilidade de um período neutro. Segundo os especialistas, o Rio Grande do Sul continuará sofrendo alguns efeitos, como chuva e temperatura acima da média, durante o outono – estação que vai de 20 de março a 20 de junho.
Esse El Niño, que registrou máxima intensidade entre dezembro e janeiro, é um dos cinco mais fortes já registrados. O fenômeno, caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico Equatorial, está perdendo a intensidade desde fevereiro. Agora, se aproxima cada vez mais do fim, algo previsto para acontecer entre abril e maio deste ano. Depois, um período de neutralidade deve começar, ainda antes do La Niña voltar a atuar.
— Como as águas ainda estão aquecidas, o fenômeno segue exercendo efeito no nosso clima. Quando passa para neutro, ainda demora um tempo para os efeitos estabilizarem. Então, durante parte do outono ainda estaremos sob efeito do El Niño — garante Henrique Repinaldo, meteorologista do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (CPPMet/UFPel).
Segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, a temperatura do oceano entre os meses de novembro e janeiro era de 2°C. O último dado, que mediu o aquecimento entre dezembro e fevereiro, registrou 1.8°C. O período de neutralidade é caracterizado por quando a temperatura se aproxima dos 0°C. Abaixo desse valor, começa a ser considerado La Niña.
— O El Niño começou em junho de 2023 e ao longo dos meses foi se intensificando. O pico foi entre novembro e janeiro. Nas últimas semanas, a temperatura do Oceano Pacífico Equatorial está diminuindo, e tende a enfraquecer até abril, mais ou menos. A partir de maio e junho, a temperatura se aproxima do 0°C, que é quando passamos por uma atuação neutra — pontua Danielle Barros, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)
Em termos práticos, isso significa que o El Niño vai continuar causando temperatura e chuva um pouco acima da média. É importante ressaltar, porém, que o fenômeno não é o único responsável por modular o clima. Outras variações que ocorrem no Atlântico também podem aumentar ou diminuir esses efeitos.
— Esse fenômeno favorece a passagem de frentes frias. Portanto, nestes três meses, o Rio Grande do Sul deverá ter mais chuva proveniente dessas frentes. Principalmente na metade leste de toda a região sul do país, avançando para o litoral. Mas a chuva não será tão intensa quanto no ano passado — afirma Danielle.
Em termos de temperatura, Repinaldo, da UFPel, também garante que não deverá acontecer novos episódios de calorão como os vividos em janeiro e fevereiro. Segundo o meteorologista, a temperatura deve ficar poucos graus acima da média e por poucos dias consecutivos, não chegando a configurar uma onda de calor, por exemplo. Segundo os meteorologistas, a duração e atuação do El Niño está dentro do que foi previsto nos últimos meses.
ZH
Foto: André Ávia / Agencia RBS