Fifa nega possibilidade de tirar Copa do Brasil, mas se recusa a falar sobre protestos no país
A coletiva de análise da primeira fase da Copa das Confederações começou com um pedido do diretor de comunicação da Fifa, Walter de Gregório: as perguntas sobre os protestos que acontecem no Brasil não seriam respondidas.
— A situação é difícil. Se não dissermos nada, somos criticados. Se fizermos comentários, podemos ser acusados de interferência. Aceitamos a democracia de protestos, mas não é nossa postura falar sobre isso. Então por favor aceitem isso — solicitou o diretor.
Embora não estivesse na programação inicial, o ministro do Esporte, Aldo Rebello, se juntou ao secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, o CEO do Comitê Organizador Local (COL), Ricardo Trade, e o secretário executivo do Ministério do Esporte, Luís Fernandes para analisar o que aconteceu na competição até o momento.
Após inúmeros impasses até a entrega dos estádios para a Copa das Confederações, a possibilidade de o Brasil não sediar a Copa começou a ser cogitada pela imprensa por causa das pressões da Fifa. Valcke, no entanto, foi incisivo ao falar sobre o assunto:
— Repito novamente, a Copa do Mundo será no Brasil e não tem plano B. Não recebemos ofertas de outros países para sediar 2014.
O secretário geral da Fifa também destacou a audiência da partida entre Brasil e México. Segundo ele, foram 26 milhões de telespectadores — número alto, se considerando que o jogo ocorreu numa tarde de quarta-feira. Os empregos gerados com a competição, de acordo com a entidade, chegaram à marca dos 24,5 mil nos seis estádios — foram R$ 600 milhões em novos negócios para as micros e pequenas empresas brasileiras e outros 86 mil trabalhadores estão se qualificando em cursos oferecidos pelo Pronatec Copa.
Alvo da maioria dos protestos em todo o país, o dinheiro gasto com o Mundial foi abordado pelo ministro Aldo Rebelo.
— Claro que há um debate sobre o que é investimento e o que são gastos da Copa. Não há recursos do governo para a construção de estádio, mas empréstimos. Alguns governos estaduais não tomaram empréstimos, como o Distrito Federal, e outros como Internacional e Atlético-PR tomaram uma parte do empréstimo do BNDES. O orçamento do Esporte é apenas 1% do orçamento da Saúde para 2013. R$ 477 bilhões é o orçamento de saúde e educação de 2007 e 2013. Então não há nenhum recurso desviado de educação e saúde para a construção de estádios. Eles vêm de empréstimos ou de governos estaduais que em alguns casos são proprietários dos estádios — esclareceu.
Xodó da torcida brasileira na Copa das Confederações, o Taiti é uma seleção quase totalmente amadora — apenas um jogador é profissional, os outros vivem exercendo outros empregos. A equipe levou goleada em todas as partidas que disputou. A inferioridade, porém, não tira o direito do time disputar a competição, segundo Valcke:
— Vou dar minha opinião: iria contra todos os princípios. A Oceania é uma confederação que recebe investimentos. Seria um grande erro pensar que o Taiti, por não ser do mesmo nível dos demais, não deveria participar.
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