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Estradas do RS terão radares que flagram excesso de velocidade a uma distância de até mil metros

O artifício do pisão no freio para evitar a multa no momento em que o motorista visualiza o radar na mão do agente de trânsito está com os dias contados. Com os novos controladores de velocidade que estarão em ação nas estradas federais do Rio Grande do Sul em dezembro, o freio será acionado tarde demais — o equipamento já terá flagrado a irregularidade até um quilômetro antes do local onde está o agente.

No último feriadão, de 15 de novembro, uma unidade da nova aquisição da Polícia Rodoviária Federal gaúcha já operava no Estado. A partir do mês que vem, porém, serão mais 10 em funcionamento. Elas estão sendo configuradas e deverão ser espalhadas pelo Estado para autuar motoristas que pisam fundo no acelerador.

A câmera a laser tem a capacidade de acompanhar o veículo por vídeo a até um quilômetro de distância, podendo fotografá-lo e identificar a sua placa. Por outro lado, de acordo com os agentes, a essa mesma distância será muito difícil que um motorista consiga localizar o policial antes de reduzir a velocidade.

— O equipamento pode ser usado em qualquer ponto, de qualquer rodovia. No feriadão, foi utilizado na freeway e chegou a captar uma infração a 1.024 metros. Quer dizer, foi um pouco além do padrão de mil metros — explica o chefe da Comunicação da PRF no Estado, Alessandro Castro.

O novo radar é portátil e visualmente lembra o tipo de controlador anterior, que ganhou o apelido de “secador de cabelo”. No entanto, é muito mais leve — pesa cerca de 1,5 quilo, conforme o site do fabricante da TruCam. O antigo controlador só conseguia identificar o infrator a 300 metros, no máximo.

Como é o radar

Nome:
 TruCam
Unidades no RS: 11
Localização: em todo o Estado. Já utilizada na freeway
Peso: 1,5 quilo
Características: câmera móvel de fácil manuseio, com mira telescópica a laser, vídeo digital colorido, bateria recarregável com autonomia de nove a 15 horas, GPS de 20 canais e unidade iluminadora antiofuscante para operação noturna
Limites: capta veículos em alta velocidade a um quilômetro de distância e até 320 km/h
Outros recursos: mede a distância entre os carros, diferencia veículos grandes e pequenos

Como funciona a câmera a laser

— Pela pistola sai o raio laser direcionado ao veículo.
— Quando o laser toca o carro e reflete, sabe-se o tempo e a distância que levou, pois a velocidade da luz é constante. Então, é calculada a velocidade do veículo.

Aparelho antigo confundia carros e veículos maiores

Policial rodoviário há 17 anos, o inspetor Cláudio Cravo opera controladores de velocidade desde 2000. Na época, a PRF operava um equipamento rústico, conta Cravo. Em 2002, a instituição passou a utilizar o chamado “caixão”, um controlador baseado em sistema Doppler.

O problema do Doppler era que captava sempre o maior volume — ao se apontar para um carro em alta velocidade, ao lado de um caminhão, a proximidade poderia levar o aparelho a registrar os dados do veículo maior. Outra complicação era o agente ter de estar a 25 metros do carro para flagrar a sua velocidade.

Por isso, diz Cravo, a TruCam caiu no gosto dos policiais, que cansaram de se frustrar com motoristas reduzindo a velocidade para escapar da multa e logo adiante acelerar de novo.

— Os infratores não vão ter como escapar — afirma.

Atualmente, além das 11 TruCam, a PRF conta com cinco radares fotográficos móveis antigos.

Especialista defende a câmera móvel

Em São Paulo, em 2011, a chegada da TruCam pegou os motoristas de surpresa. Sem sequer suspeitar que haviam sido multados, condutores recebiam as infrações e notavam que a foto mostrava o carro a uma grande distância da câmera. De certa forma, eles ficaram revoltados.

— A indústria da multa rola solta… A barra está pesada, e não adianta mais ter um GPS mostrando os lugares onde ficam os radares. O novo aparelho tem um alcance muito maior do que possamos imaginar, e os policiais/funcionários das empresas terceirizadas têm se escondido no alto de morros ou mesmo em viadutos para flagrar quem está acima da velocidade — publicou um blogueiro de São Paulo, na época.

Para o doutor em Transportes Luis Antonio Lindau, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o dispositivo móvel é muito mais eficiente justamente por causa do fator surpresa, uma vez que é fácil burlar uma câmera fixa, em razão do alerta de sua localização via GPS.

— O primeiro motivo para alguns motoristas comprarem GPS é saber onde estão os radares. O (radar) móvel, não tem como prever onde está. Se o motorista souber que a freeway está sendo controlada assim, não vai mais andar acima da velocidade permitida. Simples assim. Quanto a isso de indústria da multa, não entendo qualquer argumento em prol de alguém que queira violar a regra — afirma Lindau.

ZERO HORA

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