O Mistério Público do Rio Grande do Sul concluiu a quarta etapa da Operação Rebote, que investiga os dirigentes que atuaram no Inter durante o biênio 2015/2016. Chamada de “Prorrogação”, esta etapa escrutinou a relação do clube com agências de turismo. Foram denunciados dois dirigentes daquela época – o ex-presidente Vitorio Piffero e o vice de finanças, Pedro Affatato -, a esposa de um deles e quatro empresários da área do turismo por crimes de organização criminosa, estelionato e ocultação de bens.
A grande novidade desta etapa é justamente a implicação direta de Piffero. Apesar de já ter sido denunciado nas etapas anteriores da investigação, o ex-presidente sempre alegou desconhecer os fatos narrados pelo MP. Agora, segundo a denúncia apresentada ontem à Justiça, ele foi diretamente ligado à compra de uma caminhonete Toyota SW4 zero quilômetro naquele período. Um veículo assim, hoje em dia, custo cerca de R$ 240 mil.
Para tanto, uma das agências de turismo envolvidas teria repassado um valor diretamente a uma concessionária de Porto Alegre. Os recursos chegaram na loja em nome de um dos filhos do ex-dirigente. O veículo teria sido escolhido e adquirido com a nota fiscal saindo em nome da sogra do denunciado. A esposa de Piffero, porém, é quem usa (ou usava) a SW4. Por isso, ela foi denunciada por ocultação de bens.
Affatato, por sua vez, já havia sido denunciado antes por seu envolvimento, segundo o MP, no esquema que lesou a vice-presidência de patrimônio do clube por meio do pagamento de obras não realizadas. Ele teria o comando operacional da “organização criminosa” que lesou o clube na época. Agora, ele também aparece como beneficiário de valores repassados pelas agências de turismo. Além disso, Affatato teria recebido, de acordo com a denúncia, outras vantagens indevidas, como uma viagem ao Rio de Janeiro, onde toda a família (incluindo sogra, cunhada e genros) passaram um réveillon, com direito a ceia da passagem do ano, no Copacabana Palace, e um cruzeiro no Caribe.
O Ministério Público divulgou detalhes da Operação Prorrogação na manhã desta quinta-feira em entrevista coletiva. “A questão do Internacional foi dividida em núcleos, núcleo administrativo-financeiro, núcleo jurídico, núcleo futebol e agora o núcleo agência de viagem. Então, é a quarta denúncia que o Ministério Público está oferecendo. Em todas elas teve o mesmo modo de operar, ou seja, no sentido de criar despesas com relação a serviços não prestados e obras não realizadas, pegando o retorno desses recursos para se locupletar”, explica o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais do Ministério Público, Marcelo Lemos Dornelles.
A advogada que representa Pedro Affatato, Bruna Aspar Lima, disse que seu cliente “se manifestará no processo”. O advogado de Vitório Piffero, Carlos Rafael dos Santos, informou que só se manifestará quando tiver acesso à denúncia.
Fonte: Fabricio Falkowski