O trabalhador que recebe um salário mínimo comprometeu em média, em janeiro de 2022, mais da metade (55,20%) do rendimento para comprar a cesta básica, mesmo com o reajuste de 10,18%, que elevou o piso nacional de R$ 1.100 para R$ 1.212, no começo deste ano. No caso de São Paulo, que tem a cesta básica mais cara do país, de R$ R$ 713,86, o comprometimento da renda chegou a 63,27%.
É o que mostra a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que analisa o valor dos produtos básicos em 17 capitais e compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social.
Em 2021, quando o salário mínimo era de R$ 1.100,00, o percentual que comprometia a remuneração foi de 58,91%, em dezembro, e de 54,93%, em janeiro. Em São Paulo, o porcentual em 2021 foi de 67,86%, em dezembro, e de 64,29%, em janeiro.
Salário ideal
O Dieese também calcula qual seria o salário mínimo ideal que, em janeiro de 2022, deveria equivaler a R$ 5.997,14, para a manutenção de uma família de quatro pessoas. O valor é 4,95 vezes o mínimo de R$ 1.212,00. Em dezembro de 2021, quando o piso nacional equivalia a R$ 1.100,00, o mínimo necessário calculado pelo Dieese ficou em R$ 5.800,98 ou 5,27 vezes o piso em vigor e, em janeiro, em R$ 5.495,52, ou 5 vezes o valor vigente.
A capital paulista, que lidera o ranking da cesta mais cara, de R$ 713,86, é seguida de Florianópolis (R$ 695,59), Rio de Janeiro (R$ 692,83), Vitória (R$ 677,54) e Porto Alegre (R$ 673). Entre as cidades do Norte e Nordeste, que têm uma composição da cesta diferente, o custo mais baixo foi observado em Aracaju, cujo valor ficou em R$ 507,82; João pessoa, R$ 538,65; e Salvador, 540,01.
Entre os destaques no levantamento deste mês, o preço do quilo do café em pó subiu em todas as capitais analisadas na comparação com dezembro. Segundo o Dieese, “a expectativa de quebra da safra 2022/2023 e os menores estoques globais de café elevaram tanto os preços internacionais quanto os preços internos”.