A menos de seis meses do primeiro turno das eleições gerais de 2022, e após a movimentação ocasionada pelas trocas ocorridas no período da janela partidária, projeções feitas por analistas e cientistas políticos no final de 2021 para o cenário no RS começam a se consolidar. Entre elas, três fatores se destacam. O primeiro é que a eleição regional aparece fortemente atrelada às decisões do tabuleiro nacional. O segundo é que, apesar de disputas laterais, o polo à direita está consolidado. E o terceiro é de que, mesmo com a pulverização que ainda marca as sondagens, a tendência é de que, também no RS, ocorra uma polarização. A dúvida é sobre qual candidatura vai ocupar o espaço do polo oposto ao do bolsonarismo.
No quadro atual, incertezas marcam os movimentos de pré-candidaturas de esquerda, que, mantida a disposição atual, tendem a caminhar separadamente no primeiro turno. O jogo também está aberto ao centro, onde só deve começar a andar de fato após a definição de um nome para a disputa nacional, em 18 de maio.
Confira, a seguir, os que já se apresentaram para a disputa ao governo.
O PSB lançou a pré-candidatura do ex-deputado federal Beto Albuquerque ainda em setembro, animado por bons índices em diferentes sondagens e por sua possibilidade de capitanear votos no eleitorado de centro e até de direita. Desde então, Beto tenta articular com interlocutores nacionais a composição de uma chapa com o PT no RS na qual mantenha a cabeça. Nesse intervalo, PT e PSB confirmaram a aliança nacional e oficializaram a chapa presidencial Lula/Alckmin. Mas isso não resultou em aproximação no RS, onde petistas admitem uma aliança ‘programática’, mas contanto que eles fiquem com a vaga para o governo e o PSB assegura que manterá a candidatura. Caso não ocorra um entendimento, uma das possibilidades do partido é tentar uma coalizão com o PDT.
Após retornar à Câmara de Vereadores, o ex-secretário de Planejamento da Capital segue insistindo em disputar a indicação do MDB para o governo na convenção partidária que acontecerá até o início de agosto. O movimento vai no sentido contrário ao realizado pela legenda, que definiu, no mês passado, o deputado estadual Gabriel Souza como seu pré-candidato ao governo. O comando partidário optou por minimizar as ações de Schirmer e, internamente, aponta suas movimentações como representativas de um grupo minoritário, simpático a uma aliança com um dos candidatos bolsonaristas ao governo.
O PT gaúcho lançou o nome do deputado estadual Edegar Pretto, e garante que terá autonomia para a candidatura própria ao governo, independente dos arranjos regionais desencadeados a partir da aliança nacional com o PSB. Em resumo, os petistas do RS descartam apoiar a candidatura socialista ao Piratini. A nova regra, que permite o estabelecimento de federações partidárias nacionais, agregou ao projeto do partido o PCdoB e o PV, siglas com as quais foi formada a federação nacional. As três legendas trabalham para ter a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB) candidata ao Senado na chapa. A vaga de vice segue em aberto, e o objetivo dos petistas é cedê-la ao PSB no caso de o partido vir a ingressar na composição.
O deputado estadual foi escolhido pré-candidato do MDB ao governo no final de março, em um processo marcado pela disputa entre um grupo majoritário alinhado à administração tucana do governo e outro integrado por nomes da chamada velha guarda emedebista, que acabou isolado. As divergências explícitas e a série de reviravoltas e protelações na definição de um nome acabaram travando a legenda na busca por aliados (o planejamento ideal prevê uma coalizão com PSDB e Cidadania, que formaram uma federação, o União Brasil e o PSD). Mas a manutenção de uma pré-candidatura do PSDB ao governo e as indefinições nacionais a respeito de uma candidatura única do MDB, PSDB, Cidadania e União Brasil na corrida presidencial, cujo candidato só será apresentado em 18 de maio, também pesam sobre o MDB gaúcho.
O PP largou adiantado na corrida estadual, e lançou o senador Luis Carlos Heinze ainda em junho, na expectativa de se colocar como palanque único do presidente Jair Bolsonaro (PL) no RS. Na época, havia a possibilidade de que o presidente ingressasse no PP e a sigla conseguisse capitanear o apoio do então DEM no Estado. Bolsonaro foi para o PL e a tendência hoje é de que tenha mais de um palanque. O DEM fez uma fusão com o PSL, se transformou no União Brasil, e diversos parlamentares das siglas originárias acabaram também no PL, que terá candidato próprio ao governo. Na corrida por aliados regionais, o PP fechou com o PTB e, de novo, foi a primeira sigla a definir vice, a vereadora de Porto Alegre Tanise Sabino. A dificuldade em ampliar o leque de aliados, contudo, faz com que o partido trabalhe a hipótese de indicar também o nome ao Senado.
O deputado federal e ex-ministro Onyx Lorenzoni saiu do DEM após a fusão com o PSL e foi para o PL, que agora preside no RS, consolidando o alinhamento com Jair Bolsonaro e pavimentando sua pré-candidatura ao governo. Ele disputa o eleitorado à direita com o senador Luis Carlos Heinze (PP) mas, internamente, a avaliação é de que, no cenário atual, auxiliado pelas incertezas nos campos à esquerda e ao centro, está em vantagem. Na disputa por aliados, o ex-ministro levou a melhor e conquistou o Republicanos, que era cobiçado pelo PP. O Republicanos indicou o vice-presidente Hamilton Mourão para a vaga de senador na chapa de Onyx. Na semana que passou, ele obteve também o apoio do Pros.
O pré-candidato do Psol ao governo é o atual vereador por Porto Alegre, Pedro Ruas. O partido assinala que manterá a candidatura própria, descartando qualquer possibilidade de integrar uma aliança encabeçada por PT ou PSB no primeiro turno da eleição estadual. Ao mesmo tempo, encaminha articulações para uma coalizão na qual receba o apoio do PCB e da UP. Um dos principais objetivos do partido é aumentar suas bancadas na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa, a exemplo do que fez na Câmara de Vereadores da Capital nas eleições municipais de 2018. Além de Ruas, também disputarão as eleições, como candidatos à Assembleia Legislativa, os vereadores Karen Santos e Matheus Gomes.
Vice do ex-governador Eduardo Leite (PSDB), Ranolfo assumiu o governo a partir da renúncia de Leite no último dia de março e se apresenta como pré-candidato à reeleição. Ele costura a construção de uma coalizão com o União Brasil e o Podemos, a partir de laços amarrados em sua antiga sigla, o PTB. A articulação com o União Brasil se dá por meio do deputado federal e presidente estadual Luiz Carlos Busato e, no Podemos, com o deputado federal Maurício Dziedricki. Mas as tratativas do atual governador também dependem do xadrez nacional envolvendo os partidos e, por tabela, das costuras que serão feitas pelo próprio Leite depois que ficar definido se ele conseguirá ou não integrar uma chapa nacional. Se Ranolfo e Leite tiverem ‘jogos diferentes’, não há dúvidas no PSDB sobre quem vai decidir a rodada.
O PDT segue insistindo em que o atual presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior, seja seu candidato ao governo, mas o quadro ainda é incerto. Enquanto lideranças pedetistas destacam bom desempenho de Romildo em sondagens internas, pressionam por uma definição que se daria a partir de uma licença da presidência do Grêmio e asseguram que a pré-candidatura estaria consolidada, a interlocutores o dirigente segue afirmando que não há decisão. Há dúvidas sobre os desdobramentos de Romildo deixar o Grêmio enquanto o time ainda está na série B do campeonato Brasileiro. Como, para o PDT, um candidato ao governo garante palanque à candidatura presidencial de Ciro Gomes e fortalece as nominatas das proporcionais, o partido mantém ‘na reserva’ os nomes do ex-deputado Vieira da Cunha e do atual presidente estadual, Ciro Simoni.
No RS, o Novo apresentou como seu pré-candidato ao governo do Estado o advogado e empresário em Santa Maria, Ricardo Jobim. Antes de se filiar à legenda, em 2020, Jobim havia atuado como voluntário na campanha de Giuseppe Riesgo à Assembleia Legislativa, nas eleições de 2018.
Roberto Argenta (PSC)
Após uma rápida passagem pelo MDB, o empresário Roberto Argenta deu início a conversações com diferentes siglas e acabou por fechar com o PSC. Pela legenda, lançou a pré-candidatura ao governo do Estado, passando a integrar a lista de nomes dos que estão na corrida pelo Piratini.
Fonte: Correio do Povo