Fabricação de máquinas e equipamentos no RS mantém crescimento e avança 10,8% de janeiro a maio
A fabricação de máquinas e equipamentos segue em alta no Rio Grande do Sul. No acumulado de janeiro a maio, a produção física desse segmento da indústria cresceu 10,8% no Estado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O segmento de máquinas e equipamentos também avançou 11,4% nas compras industriais nesse período no Estado, segundo pesquisa da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) que mapeia o desempenho do setor. Esse indicador mostra a mobilização dos empresários no reforço da produção para atender a demanda. Aumento de demanda, pedidos do agronegócio e investimento de empresas na produção ajudam a explicar esse cenário, segundo especialistas.
A economista Maria Carolina Gullo, professora da Universidade de Caxias do Sul (UCS), afirma que o avanço das compras industriais e da produção de bens de capital, que são itens usados para fabricar outros bens, está ligado a um processo de tentativa de reindustrialização no país. Com o impacto da desorganização das cadeias de suprimentos no mundo, setores da indústria focam na fabricação interna de alguns componentes, conforme análise da economista. A busca por soluções para esses gargalos na importação aquece o setor de máquinas e equipamentos, segundo a professora:
— Por exemplo, o setor de fios, têxtil, está produzindo muito internamente. O que as grandes magazines importavam está sendo feito aqui dentro. As empresas estão comprando máquinas e equipamentos, investindo em seus parques fabris para atender a essa demanda.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Indústria de Máquinas e Equipamentos no Rio Grande do Sul (Abimaq-RS), Hernane Cauduro, afirma que o bom resultado do setor no Estado ocorre muito em função do agronegócio. O dirigente lembra que o Rio Grande do Sul é responsável por 60% da fabricação de máquinas e implementos agrícolas no país, segmento que segue em alta no âmbito de pedidos. Além desse fator, Cauduro cita a força do Estado na exportação.
— O Rio Grande do Sul é um Estado que exporta máquinas e equipamentos numa proporção importante, o que também ajuda a puxar esse resultado — explica o executivo.
O economista-chefe da Fiergs, André Nunes de Nunes, também destaca o peso da fabricação de máquinas e implementos agrícolas dentro desse aquecimento. No entanto, ele destaca que o avanço nas compras de insumos e matérias-primas está disseminado na indústria como um todo como reflexo de alterações na demanda pós-pandemia. Segmentos de construção e de fabricação de veículos também têm destaque nesse processo, segundo o economista.
— É esperado que a gente tenha esse cenário favorável para investimento. Muito por conta desse movimento global de aumento de demanda e de preços dos produtos industrializados, ainda existe a necessidade de normalização na oferta de produtos industrializados — explica Nunes.
Outro ponto que reforça o avanço do ramo de máquinas e equipamentos é a geração de vagas com carteira assinada. O segmento é um dos principais dentro da indústria de transformação no saldo do emprego formal no acumulado do ano, com a criação de 3,2 mil postos (veja mais abaixo). Assim como o tamanho do avanço da produção física, os números do emprego também estão em patamar menor na comparação com o ano passado. Especialistas afirmam que esse ritmo menor ocorre diante de uma base de comparação muito forte de 2021, marcado pelo início da retomada das atividades em meio à pandemia.
O economista-chefe da Fiergs salienta que o bom desempenho do setor em alguns indicadores, como compras industriais e geração de emprego, permite estimar revisão para cima na projeção de crescimento da indústria no Estado este ano, que está em 1%, atualmente.
No âmbito específico de máquinas e equipamentos, o vice-presidente da Abimaq-RS afirma que o segmento continuará crescendo nos próximos meses, mas em ritmo menor, rumo a uma acomodação diante dos efeitos dos juros em alta.
ZH