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La Niña deve seguir até 2023; entenda os impactos do fenômeno no RS

Primeiro alerta foi dado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU)
La Niña deve seguir até 2023; entenda os impactos do fenômeno no RS
13.07.2022 10h42  /  Postado por: mateus

Pelo menos até o início de 2023, o fenômeno La Niña permanecerá atuando e influenciando diretamente no clima do planeta. O alerta partiu da Organização Meteorológica Mundial (OMM), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), e vem sendo confirmado pelos meteorologistas.

La Niña ocorre em períodos de dois a sete anos, provocando um resfriamento em grande escala das temperaturas da superfície na zona equatorial central e leste do Oceano Pacífico. O fenômeno afeta as temperaturas globais e costuma agravar situações de secas e de inundações. Para se ter uma ideia, quando La Niña está ativo, a seca costuma castigar a América do Sul, as chuvas se tornam torrenciais no Sudeste Asiático e na Austrália, e a  temporada de furacões fica mais intensa no oceano Atlântico.

No Rio Grande do Sul, as chuvas costumam ser mais reduzidas durante o La Niña. Mas, ao contrário de outros anos, neste inverno, relata a meteorologista Noele Brito, do Climatempo, outros fatores acabaram influenciando na maior quantidade de chuva sobre o Estado, como a formação de bloqueios atmosféricos e gradientes de temperatura mais favoráveis no oceano Atlântico. Esse gradiente de temperatura, com a parte mais fria na altura do norte da Argentina e a mais quente entre o Paraná e o Sudeste do país, favoreceu a formação de frentes frias mais frequentes. Além disso, a Oscilação da Antártica (AAO) no final do outono chegou a ficar negativa, justificando também as precipitações acima da média em parte do Sul do país. Noele acrescenta que a quantidade de chuva em áreas do Centro-Sul e do Sul do Estado pode ter impactado diretamente no plantio de trigo, uma cultura de inverno.

No Prognóstico Climático de Inverno 2022, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) já apontava a possível continuidade do fenômeno La Niña no inverno e na primavera deste ano. De janeiro a março, La Niña reduziu a intensidade, com valores superiores a -0,9°C, mas inferiores a -0,5°C. Porém, em abril e maio de 2022 as anomalias de temperatura se intensificaram, registrando valores de até -1,1ºC, permanecendo na intensidade moderada.

Segundo o Climatempo, anomalia de temperatura é a diferença entre a temperatura observada real e um valor médio de referência, normalmente a média histórica de 30 anos. A anomalia é positiva quando a temperatura real fica acima do valor médio. A anomalia é negativa quando a temperatura real fica abaixo da média.

Conforme o Inmet, em decorrência dos impactos de La Niña, as chuvas deverão ficar abaixo da média em grande parte do Rio Grande do Sul durante do inverno. Porém, o Oeste e o Extremo Sul do Estado poderão ter mais chuva do que o restante das regiões.

De acordo com o meteorologista Marcelo Schneider, do Inmet,  no momento, o La  Niña tem intensidade fraca, com índice oceânico de anomalia de temperatura semanal de -0,5°C na faixa equatorial central. Este é o maior valor desde setembro de 2021. Schneider ressalta que projeções de temperatura oceânica para além de quatro a cinco meses, geralmente, têm baixa confiabilidade.

Se La Niña voltar a ficar intenso a partir da primavera, a meteorologista da Sala de Situação do Estado, Nicolle Reis, não vê pontos positivos para o Estado.

— Este fenômeno impede a passagem das frentes frias sobre o Rio Grande do Sul. Quando passam são muito afastadas do Estado. La Niña, então, acaba causando chuva menos frequente, pontual e de forma irregular, o que leva a volumes de chuva abaixo da média. E isso pode prejudicar a agricultura — explica Nicolle.

ZH

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