O comércio varejista voltou a apresentar números positivos no Rio Grande do Sul. Em maio, o setor avançou 3,1% em relação ao mês anterior no Estado. Essa é a quarta alta consecutiva do comércio levando em conta ajuste sazonal, segundo dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quarta-feira (13).
Com a atualização de maio, o setor segue acima do nível pré-pandemia e atingiu patamar recorde na série histórica iniciada em 2000, de acordo com a unidade estadual do IBGE. Chegada do frio e o saque emergencial do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) são alguns dos ingredientes que ajudam a explicar esse saldo positivo, segundo especialistas.
Junto de Roraima, o Rio Grande do Sul ocupa a segunda colocação no ranking de Estados com maior variação na passagem de abril para maio. Dezoito das 27 unidades da federação registraram números positivos no período.
Em relação ao mesmo mês do ano passado, o setor avançou 4%. Na variação acumulada do ano, o comércio varejista tem alta de 9%. Nos últimos 12 meses, o crescimento é de 5,4%. No acumulado do ano, seis dos oitos segmentos dentro do comércio varejista apresentaram variação positiva. A alta é puxada pelos segmentos de livros, jornais, revistas e papelaria, tecidos, vestuário e calçados, outros artigos de uso pessoal e doméstico e combustíveis e lubrificantes (veja a seguir).
O crescimento do comércio varejista no Estado em maio ocorre em nível superior ao registrado no Brasil. Na média do país, a variação ficou em 0,1% no quinto mês do ano. O IBGE avalia que o movimento observado no país aponta para estabilidade.
— Este resultado mostra um cenário de estabilidade na passagem de abril para maio. Mas, apesar de vir de quatro resultados positivos, as taxas foram decrescentes. Observamos uma retomada no comércio varejista, mas que vem de uma base baixa, dezembro, e sempre fazendo um acúmulo menos intenso ao longo desses meses — afirma o gerente da PMC, Cristiano Santos.
A economista-chefe da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), Patrícia Palermo, afirma que o impacto do frio no setor de tecidos, vestuário e calçados, e a nova parcela do saque emergencial do FGTS podem explicar a diferença da taxa verificada no Estado em relação ao país. No caso do saque emergencial, a economista observa que o resultado mais expressivo no Estado pode ocorrer diante de maior nível no âmbito de emprego, formalidade e de salários médios ante a média do país.
No entanto, Patrícia faz uma ressalva sobre o tamanho da variação do volume de vendas, que parece estar descolado da realidade do setor. A especialista afirma que a variação de maio em relação ao mesmo mês do ano passado, tanto no Estado, quanto no país, mostra diagnóstico mais palpável:
— É evidente a desaceleração em termos de taxas de crescimento na comparação com o mesmo período do ano passado. Isso acontece no país e no Rio Grande do Sul. Essa semelhança é razoavelmente explicada por duas razões: as bases de comparação estão menos deprimidas e, evidentemente, há o impacto da inflação alta que vai corroendo o orçamento das famílias, tirando força de consumo. Além disso, tem a volta do consumo dos serviços.
Para os próximos meses, a economista-chefe da Fecomércio afirma que o desempenho do comércio depende de alguns fatores, como os desdobramentos da PEC dos benefícios. A aprovação da proposta poderá provocar impacto na busca por comércio e serviços.
ZH