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Receita das empresas gaúchas listadas na bolsa atinge R$ 80 bilhões no primeiro semestre

Volume apurado após a divulgação dos balanços, representa um avanço de 24,9% na comparação com igual período do ano passado
Receita das empresas gaúchas listadas na bolsa atinge R$ 80 bilhões no primeiro semestre
29.09.2022 13h39  /  Postado por: mateus

Encerrada mais uma temporada de balanços trimestrais na bolsa de valores brasileira (B3), as empresas gaúchas com ações negociadas na B3 acumularam receitas líquidas de R$ 79,9 bilhões no primeiro semestre de 2022. O desempenho supera em quase 25% os valores apurados em igual período do ano passado, quando a soma dos resultados atingiu R$ 64 bilhões.

Das 24 companhias do Rio Grande do Sul, somente quatro registraram baixas em seus faturamentos. Entre os maiores avanços, estão: SLC Agrícola (118%), Kepler Webber (67%), Renner (53%), Melnick (47%), Gerdau (43%), 3tentos (40%), Randon (30%) e Marcopolo (27%) – três delas diretamente ligadas ao agronegócio, duas do polo metalmecânico automobilístico de Caxias do Sul, duas vinculadas à construção civil e uma do varejo.

Como o fator geográfico, no caso, pouco ajuda no exame dos dados gerais, Gustavo Pazos, analista de Research da Warren, diz que, primeiro, é necessário entender quais são os principais setores contemplados. Nesse contexto, o que chama mais atenção, afirma ele, é o industrial que possui a sua maior concentração no sul do país.

Ao destrinchar os subnichos, Pazos comenta que o Estado conta com papéis como Randon e Marcopolo, na área automotiva, Taurus, nas armas e Grendene, nos calçados, mas que todos, por mais que estejam em segmentos diferentes, possuem, em comum, a dinâmica industrial. E, na condição de produtores de bens, dependem de ambiente favorável ao consumo para sustentarem crescimentos.

Por isso, o principal guia macroeconômico, e que serve para impulsionar, ou não, esses negócios, é o Produto Interno Bruto (PIB) do país. Além disso, argumenta o analista da Warren, a matriz de custos desse setor envolve majoritariamente o preço das commodities e da energia elétrica nas operações.

Ou seja, também estão expostos à dinâmica inflacionária do país, por meio das pressões nas margens, que podem aumentar as receitas, mas comprimir os lucros e prejuízos líquidos apresentados nos relatórios trimestrais. É que quando os custos aumentam, avalia, as margens de lucro tendem a reduzir e, mais recentemente (a partir de junho), diz, vieram os sinais de deflação que trouxeram na garupa revisões positivas das projeções de PIB deste ano.

— Esse cenário foi visto ao longo de 2022, quando no início do ano, em razão da guerra e resquícios da pandemia ainda estavam em patamares muito elevados, causando mais pressão sobre as margens. Mesmo com juros mais altos do que no primeiro semestre, na Warren, acreditamos que os balanços foram positivos para o segmento industrial e ainda achamos que o terceiro trimestre também será positivo, mesmo com juros que geram pressão para essas operações industriais — considera.

Inflação e Pandemia

Valter Bianchi Filho, sócio-diretor da Fundamenta Investimentos, acrescenta que, com o ambiente inflacionário, a tendência é de que as receitas líquidas cresçam e gerem impactos também para o lucro ou prejuízo líquido. Nesse aspecto, comenta, que a performance da Renner – o segundo maior volume de receitas, com R$ 6,2 bilhões, atrás apenas da Gerdau, com R$ 35,4 bilhões – que apresentou evolução de 1.117% em seu lucro, na comparação entre os primeiros semestres de 2021 e 2022, de certa forma, pode ser aplicado em maior ou menor escala às demais companhias gaúchas.

Bianchi explica que a varejista foi bastante prejudicada durante o ápice da crise econômica provocada pela pandemia por covid-19, principalmente, no primeiro trimestre do ano passado. Agora, a normalização do fluxo de receitas abre espaço para incrementos “importantes” nos lucros:

— O período em que a Renner mais penou acabou por impactar as demais. Só o fato de destravar a economia já ajuda a explicar algum crescimento. O destaque, entretanto, é um rebote relevante na comparação com o primeiro semestre passado, por ser capitalizada acabou conseguindo capturar melhor a volta da economia — diz.

Com preços em alta, companhias do agro tem novos avanços

O preço dos grãos, aliado aos ganhos de produtividade, puxam a atividade agrícola no país e refletem o crescimento de receitas líquidas, no primeiro semestre de 2022, das gaúchas SLC Agrícola, Kepler Weber e da estreante 3tentos, cujo o ingresso na B3 ocorreu em 2021. Em distintos subnichos do agronegócio, a SLC exibe alta de 118% nas receitas e 68% no Lucro Líquido. Kepler Webber, influenciada pela armazenagem avançou 67% no faturamento e 430% no lucro líquido. Mais contida, conforme explica Valer Bianchi Filho, 3tentos também trabalha com insumos e fertilizantes, que tiveram impactos em razão da guerra entre Rússia e Ucrânia.

O sócio-diretor da Fundamenta Investimentos acrescenta que Gerdau, Randon e Marcopolo, ligadas às indústrias de construção civil e de caminhões apresentam performances sólidas em razão da retomada das atividades que mantém a demanda nos setores em elevação.

No varejo, além da Renner, Quero-Quero, Grazziotin e Panvel apresentam comportamentos diferenciados. A última, por exemplo, não sofreu e até se beneficiou das vendas de novos produtos – caso dos testes rápidos – durante a pandemia, motivo pelo qual a alta é mais contida nas receitas (23%). Com presença maior no interior do Estado, onde o fechamento das lojas físicas não foi tão intenso, Quero-Quero registrou incremento de 18%, já a Grazziotin, de 30%.

Entre as baixas, a estatal Banrisul apurou leve retração de 5% nas receitas e 19% no lucro líquido, na relação entre os primeiros semestres de 2021 e 2022. Já a CEEE-D, recém privatizada, continua em trajetória de baixa, enquanto a nova controladora, a Equatorial, prossegue com o planejamento prévio para reerguer o ativo. Além delas, Habitasul com baixa de 45% e Planatlântica, com 12% fecham os quatro faturamentos negativos no período.

ZH

Foto: Antonio Valiente / Agencia RBS

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