Prepare os casacos e guarda-chuvas, pois nesta quarta-feira (21), às 11h58min, inicia a estação mais fria do ano. Já com influência do fenômeno El Niño, o inverno gaúcho deve ser mais úmido, com chuva acima da média para os meses de julho, agosto e setembro. As temperaturas deverão ficar dentro do esperado ou ultrapassar a média em alguns períodos. O inverno termina no dia 23 de setembro de 2023, com o equinócio da primavera, e deve trazer algumas frentes frias ao Rio Grande do Sul.
O final do mês de junho e o início de julho devem ser marcados pela umidade. A meteorologista e professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Eliana Klering explica que a tendência das primeiras semanas da estação é de alternância entre dias mais frios e outros com temperaturas mais amenas. Conforme a previsão da Climatempo para julho, a temperatura pode superar a média climatológica esperada.
Para Porto Alegre, a média histórica de temperaturas máximas é 19,7°C em julho, enquanto nas mínimas a média é de 10,4°C. Já em Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, as médias históricas ficam entre 8°C e 17,9°C. Os desvios positivos acontecem devido a intensificação do escoamento de ar quente sobre o Estado, mas isso não significará dias de calorão intenso.
Já em agosto, os termômetros tendem a registrar temperaturas mais baixas em algumas regiões do Estado, como na Fronteira Oeste, por exemplo, que deverá ter frio abaixo da média histórica. Em Santana do Livramento e Uruguaiana, municípios da Fronteira Oeste, as médias de temperaturas mínimas são 8,9°C e 9,7°C, respectivamente.
Na Serra e na Região Metropolitana, a temperatura pode ser maior que a média histórica. Em Porto Alegre, as temperaturas médias são de 11,6°C e 21,8°C. Em Caxias do Sul, a variação média é um pouco menor: de 10°C a 19,5°C. Nas outras regiões do Estado, a temperatura deverá ser dentro da média.
Para o mês de setembro, a Região Metropolitana, a Serra e o Litoral Norte deverão registrar temperaturas um pouco acima da média. Na Campanha e na Fronteira Oeste, as temperaturas podem ficar abaixo das médias climatológicas. No restante do Estado, a temperatura seguirá o esperado.
Chuva
Os meses de inverno serão de chuva acima da média em todo o Estado, principalmente no mês de setembro, quando os efeitos do El Niño devem se intensificar. Os níveis de precipitação podem chegar a 180 milímetros em algumas cidades.
No mês de julho, os níveis de precipitação devem variar um pouco entre o esperado e acima da média em todo Estado. Uruguaiana é a cidade com menor média, de 65,2 milímetros. Já em Porto Alegre e Caxias do Sul, as médias climatológicas são de 163,5 e 184,3 milímetros respectivamente.
Para agosto, segue a previsão de chuva dentro ou até mesmo acima da média em praticamente todas as áreas do Rio Grande do Sul. Apesar de, historicamente, o mês de agosto ser menos chuvoso que julho e setembro, neste ano, com a atuação do El Niño, há risco de temporais e chuvas volumosas em algumas cidades do Estado.
— A previsão que agora pode ser confirmada é que será sim um trimestre gradativamente mais chuvoso no sul do Brasil, com o impacto do El Niño. Não é tão fácil dizer qual mês vai ser mais chuvoso, mas à medida que as águas do Oceano Pacífico vão aquecendo, nos meses finais de inverno e início de primavera, costuma ser mais chuvoso — explica o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Marcelo Schneider.
Setembro costuma ser o mês mais chuvoso do inverno gaúcho. Neste ano, não será diferente. A previsão é de chuva acima da média na Região Metropolitana, Serra, Litoral Norte, Região Central, Sul e Região da Campanha. Já na Fronteira Oeste, Noroeste e Norte, os níveis de precipitação deverão ficar dentro da média. A Climatempo chama atenção para risco de temporais em todo o Estado.
El Niño
Segundo o Inmet a previsão é de que o evento climático seja fraco em junho, mas que sua intensidade progrida até setembro, com chances de causar enchentes e alagamentos no Rio Grande do Sul durante a primavera. A precipitação intensa deve chegar primeiro na região norte gaúcha, até agosto, a partir da metade inicial do inverno.
O El Niño é caracterizado por um período em que as águas na região equatorial do Oceano Pacífico ficam em torno de 0,5°C acima da média. Esse aquecimento altera a circulação de ventos em vários níveis da atmosfera, o que modifica a distribuição de umidade, o padrão de chuva e de temperatura em diversas regiões.
Segundo a Climatempo, um dos efeitos El Niño no inverno de 2023 será aumentar o fluxo de ar quente úmido do norte do Brasil para a Região Sul. Ao longo da estação, esses ventos quentes e úmidos vão soprar com maior frequência sobre a região sul do país, estimulando a formação de áreas de instabilidade.
ZH
Foto: Jonathan Heckler / Agencia RBS