Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2024
Telefone: (54) 3385 1019
Whatsapp: (54) 996691013
Curta nossa página no Facebook:
Clique para Ouvir
Tempo nublado
30°
16°
26°C
Tapera/RS
Tempo nublado
No ar: A VOZ DO BRASIL
Ao Vivo: A VOZ DO BRASIL
Notícias

Sítio arqueológico de povo que viveu há 10 mil anos no RS é encontrado em lavoura de arroz após enchente

Arqueólogos da UFSM identificaram pedras lascadas de povos caçadores e coletores, além de cerâmicas elaboradas por povo Guarani. Trabalho ainda está em etapa de descoberta
Sítio arqueológico de povo que viveu há 10 mil anos no RS é encontrado em lavoura de arroz após enchente
24.07.2024 10h27  /  Postado por: mateus

A enchente que atingiu o Rio Grande do Sul em maio revelou um sítio arqueológico de um povo que viveu há 10 mil anos em Dona Francisca, na região central do Estado. Em uma lavoura de arroz, foram encontradas pedras lascadas de caçadores coletores. Também foram descobertas cerâmicas do povo Guarani, que habitou o Estado há 5 mil anos.

Os itens foram encontrados por moradores e agricultores da região em maio, no interior do município, às margens do Rio Jacuí, que extravasou e inundou a área. A identificação foi realizada por arqueólogos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em 12 de junho, que constataram a presença de artefatos pré-coloniais, que tinham diversas funções, entre elas urna funerária, segundo o professor e arqueólogo João Heitor Silva Macedo.

— A cerâmica é um instrumento que, desde os períodos em que os grupos começaram a confeccionar, tem várias utilidades. Ela serve para a cocção, transporte e armazenamento de alimentos, para rituais — afirma o professor Macedo.

Macedo diz que o povo Guarani era o grupo predominante no Estado há 5 mil anos, período em que migrou da Amazônia. Além disso, o impacto dos achados pode permitir identificar formas inéditas de organização, ocupação e relação.

— A gente está podendo revelar muito mais sobre a história do Rio Grande do Sul antes do período da colonização, antes da chegada dos europeus, mostrando, então, a diversidade cultural dos grupos originários do Rio Grande do Sul —, afirma.

Não há como precisar a quantidade de achados, já que eles ainda estão sendo revelados, segundo o pesquisador. No entanto, imagens do acervo mostram centenas de itens – quantidade que deve aumentar.

área do sítio arqueológico também segue imprecisa, já que moradores da localidade têm oferecido novas pistas, o que indica um aumento do território a ser mapeado. Esse trabalho só deve ser finalizado quando os pesquisadores não receberem mais novas informações e realizarem imagens aéreas.

Enchentes revelaram e destruíram itens

O local onde as peças foram encontradas é de difícil acesso, que só foi possível com uma caminhonete, pelo impacto da cheia. A mesma água que revelou os achados também os destruiu. Com isso, eles não puderam ser recuperados nem encontrados, segundo Macedo.

— Quando uma chuva dessas chega, ela nos revela sítios que estão submersos, mas a quantidade de chuva também pode levar esses sítios. Ou seja, na região que nós estamos ali, quando veio a primeira informação para nós, em seguida veio outra chuva, então muitos sítios já se foram, muitos sítios já foram levados, junto com a corredeira do rio, e a gente não encontra mais —, afirma o professor.

O trabalho agora passa pela etapa de limpeza e é definido como “salvamento emergencial” pelo professor.

Uma conclusão definitiva sobre os achados só deve ser feita em meses. No entanto, o professor afirma que existe a hipótese do sítio ser considerado um dos maiores de todo o Estado, já que a área havia sido estudada na década de 1960, pelos primeiros arqueólogos gaúchos, que identificaram peças idênticas às atuais descobertas.

Achados devem virar públicos

O pesquisador revela que os trabalhos vão seguir uma série de etapas, com o objetivo de tornar os artefatos públicos e acessíveis para a população.

  • Limpeza
  • Pré-classificação
  • Pesquisa científica
  • Exposição pública

— A gente vai analisar tecnicamente, preparar exposições, preparar material para a educação patrimonial, para trabalhar. Então teremos esse material para um possível museu aqui na cidade de Dona Francisca, e para que isso também chegue às escolas de Educação Básica, para servir então de patrimônio cultural da cidade —, revela.

ZH

Foto: João Heitor Silva Macedo / Arquivo Pessoal

Comente essa notícia
Receba nosso informativo
diretamente em seu e-mail.
Utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência, e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
Prosseguir