Controle de acesso e jatos de desinfetante: como funcionam as barreiras sanitárias destinadas a controlar foco de gripe aviária no RS

Desde a manhã deste domingo (18), sete barreiras sanitárias instaladas em um raio de até 10 quilômetros da granja afetada pela gripe aviária, em Montenegro, no Vale do Caí, tentam reduzir o risco de a doença se espalhar por outros lugares do Rio Grande do Sul.
As ações envolvem um bloqueio total em uma estrada de chão e limpeza de veículos, que são borrifados com desinfetante com a intenção de eliminar a possível presença de vírus.
A operação, que funciona 24 horas por dia, deve se estender pelas próximas semanas.
As barreiras estão distribuídas em dois “círculos” ao redor da propriedade contaminada. Três delas ficam em um raio de até três quilômetros do foco da influenza aviária, e as outras quatros em um raio de 10 quilômetros.
Entre os postos de controle mais próximos da granja, um deles é um bloqueio total de uma via estreita de chão batido que sai das margens da BR-386 em direção à propriedade. Ali, para evitar a passagem de veículos, foi depositada uma carga de pedras e terra que impede a passagem.
Nos outros dois, é borrifada uma mistura de água e desinfetante em todos os veículos que passam — incluindo carros de passeio.
Na barreira chamada de número 2, a cerca de 1,5 quilômetro da granja, servidores da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) e da Patrulha Ambiental (Patram) da Brigada Militar informaram na tarde de domingo que só estava sendo permitida a passagem de quem mora ou trabalha no interior do perímetro de segurança.
Os poucos veículos que chegavam tinham a placa anotada e recebiam jatos do líquido desinfetante, bombeado desde uma espécie de caixa d’água plástica localizada ao lado da via com auxílio de uma mangueira. Como a operação segue noite adentro, os policiais já haviam acendido uma fogueira com pedaços de árvore para espantar o frio e os eventuais mosquitos.
As demais quatro barreiras sanitárias, localizadas em um raio mais distante, se ocupam da desinfecção de caminhões que costumam circular por zonas rurais — são veículos que transportam carga viva de animal, ração ou fazem coleta de leite, sob maior risco de espalharem o vírus. Dois desses pontos estão localizados ao longo da BR-386, junto a um pedágio e a um ponto de pesagem de caminhões. Nesses lugares, também há apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Conforme a Seapi, as localizações foram acertadas em conjunto com o Comando Ambiental da BM e a Prefeitura do município.
Além disso, serão visitadas cerca de 540 propriedades rurais no raio de 10 quilômetros para avaliação e ações de educação sanitária. Além de prestar apoio nas barreiras, o Comando Ambiental realiza patrulhas volantes no perímetro. Os policiais auxiliam no controle da circulação de veículos e de pessoas com o objetivo de isolar o foco do vírus.
Ministério diz que propriedades rurais estão sendo vistoriadas
O Ministério da Agricultura divulgou uma nota no início da noite deste domingo informando que todas as medidas previstas no plano de contingência estão sendo realizadas “com eficiência”.
As propriedades rurais da área perifocal (raio de 3 km) foram vistoriadas. Em uma delas foi aberta uma investigação sobre um possível novo caso de gripe aviária. “O que recebe toda atenção e tratamento da Defesa Agropecuária, mas não possui impacto no comércio internacional, nem na segurança dos alimentos inspecionados”, diz a nota.
Na área de vigilância (7km a partir do raio de 3km), já foram vistoriadas 238 de 510 propriedades.
Primeiro foco de gripe aviária em granja comercial no país
Na sexta-feira, (16), o Ministério da Agricultura e Pecuária confirmou primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul.
A detecção do caso aconteceu no município de Montenegro, no Vale do Caí, colocando em alerta máximo toda a produção avícola nacional, dados os seus efeitos sanitários e econômicos.
O vírus da gripe aviária circula com mais força desde 2006, com casos registrados principalmente na Ásia, na África, na América do Norte e no norte da Europa, mas não havia chegado às aves comerciais no Brasil até então. Em razão do foco, foi decretado estado de emergência zoossanitária por 60 dias.
Ao todo, cerca de 17 mil galinhas matrizes, ou seja, para a produção de ovos férteis (aqueles comercializados para desenvolver animais de corte) estavam em dois galpões da granja afetada pelo vírus.
No primeiro espaço, 100% das galinhas morreram. No segundo galpão, a mortalidade foi de 80%. As aves remanescentes foram sacrificadas e destinadas para o descarte correto.
ZH